No distrito de Braga, a 6 quilómetros da sede do concelho de Póvoa de Lanhoso, ao qual pertence, encontra-se junto da margem direita do rio Ave, a freguesia de Taíde. O seu orago é S. Miguel Arcanjo, um dos três anjos que estão perante o trono de Deus, sendo descrito no livro do Apocalipse, como o chefe dos exércitos celestiais vitoriosos na batalha contra Satanás. Deus enviou S. Miguel para expulsar Lúcifer, que liderou uma rebelião entre os anjos.
O topónimo “Táide” é um derivado de “Tagilde”, do baixo-latim “(Villa) Atanagildi”, a “a quinta do Atanagildo”; nome talvez de um guerreiro godo ou romano, que se tornou bastante vulgar na restauração neogótica.
Embora se acredite que o seu território tenha sido povoado em épocas imemoriais, são escassos os documentos que o confirmam. Tendo em conta a toponímia, supõe-se que a ocupação do território de Taíde é anterior ao século XII, porém, a sua arqueologia fá-la recuar a épocas pré-históricas. Em 1758, o pároco da freguesia, na sua memória paroquial, menciona um castro e respetiva povoação, situados no “monte em que antigamente estava a cidade da Cinânia ou Sinânia; a qual, muito antes da vinda de Cristo ao mundo foi destruída pelos bracarenses, como conta Frei Bernardo de Brito, no fim do primeiro Tombo da sua Monarquia Lusitana”.
Em 1066, o notável prócer ribaduriense da estirpe dos Gascos, D. Garcia Moniz, com sua mulher D. Elvira, fez doação ao rei galego, dos seus haveres em várias “terras” do norte do país, entre elas algumas em Riba do Ave: “in rippa flumena Abe vila Atangalidi et villa Olivaria et villa Mazenaria et villa Pretaficta cum omnibus abiectionibus suis ab integro”.
Taíde estava já instituída como freguesia no século XII, no julgado ou “terra medieval de Lanhoso”, e a sua igreja, segundo declarou o próprio pároco, em 1220, não era do padroado real. De facto, no século XIII, Taíde encontrava-se na posse de privilegiados, o que leva a supor que outra família fidalga a veio a possuir. Os únicos haveres da coroa eram metade do “monte de Paacioo (do latim palaciolo)”, que era reguengo. A quase totalidade da freguesia estava em poder da própria igreja local de S. Miguel, do Mosteiro de Fonte Arcada, e da Ordem do Hospital.
Na primeira metade do século XVIII, o tesoureiro-mor da Sé de Braga, D. Jorge Costa, a fim de que fosse dotado de haveres suficientes o recém-fundado Mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios de Braga, doou-lhe a Igreja de S. Miguel de Taíde, de que aquele dignatário era padroeiro. Na mesma época, era fundado na freguesia de Taíde, com agrado do bispo bracarense, D. José de Bragança, o Santuário de Nossa Senhora de Porto de Ave, uma réplica do Bom Jesus de Braga. Este santuário foi construído numa magnífica encosta, abundante em diversas espécies vegetais (carvalhos, castanheiros, tílias, sobreiros, etc.) sendo considerado um dos mais importantes Santuários Marianos de Portugal. A sua construção deve-se a Francisco Magalhães Machado e teve início em 1730, terminando as obras 24 depois. Foi elevado à categoria de Santuário Real, por régia de 14 de Abril de 1874. Atualmente a vasta documentação que Taíde acumulou ao longo dos séculos, está à guarda do Museu que a atual confraria construiu, para que não se perdesse tão valioso espólio.
Nesta freguesia destacam-se algumas personalidades, como é o caso do já mencionado Francisco Magalhães Machado, e do Visconde de Taíde, natural da freguesia; de seu nome Fernando António Pinheiro de Miranda, a ele se deve a construção da Igreja Paroquial. Aos treze anos emigrou para o Brasil, tornando-se um comerciante de sucesso; passados sessenta anos, regressa a Portugal e visita a Igreja Paroquial onde havia sido baptizado; ao ver o seu estado degradado tomou providências, patrocinando a construção de um novo templo.
No que respeita ao património cultural e edificado da freguesia, destacam-se para além da Igreja Paroquial e do Santuário, templos já mencionados, as várias capelas disseminadas pela freguesia e as casas do Pomar e de Santo Amaro.
A nível económico, é importante referir que uma pequena percentagem da população se dedica à agricultura e à pecuária, sendo que a maioria se ocupa das actividades industriais que têm vindo a demonstrar um notável desenvolvimento. A indústria têxtil, a de madeiras, a construção civil e a serralharia, têm absorvido bastante mão-de-obra, não só de Taíde, como de freguesias vizinhas. A par do desenvolvimento industrial, tem também aumentado o número de casas de comércio, especialmente de vendas a retalho e a implantação de casas para turismo de habitação que se têm demonstrado um enorme sucesso.
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